Como gostamos de dizer, as peças de exposição e as de uso pessoal devem existir para ser usadas e até apresentarem nelas o resultado da sua utilização, partilha e gozo que nos deram ou ainda do carinho ou valor estimativo que representam. Fechadas em qualquer lado não foram gozadas e não têm história.

Infortúnios acontecem e, tal como com tanto do que compramos, poderá haver alguma altura em que, até sem dar por isso, ela se danifique. Terá o seu custo mas com recurso a uma loja de confiança e um bom ourives quase tudo é remediável.

Quando falamos de jóias de uso pessoal, quase todas as peças em ouro têm uma capacidade de resistência acima da média quando em comparação com outros metais como por exemplo a prata. A densidade e rigidez do metal é muito maior no ouro e isso é importante para a sua resistência mas isso não impede que, quer pela sua estrutura quer pela utilização dada à mesma, também ela não possa ser danificada.

Se o que pretende é ter uma peça que resista muito no tempo e até passe até às suas próximas gerações deverá ter consciência da peça que adquire, dos cuidados a ter e das suas vulnerabilidades porque essa é a melhor garantia da sua durabilidade e da inexistência de custos com o seu arranjo ou recuperação.

Deixamos a seguir alguma informação sobre os cuidados que recomendamos ter e forma de limpar as suas peças de uso pessoal em ouro e em prata, bem como das peças em prata de maior porte.

1.1 Quanto à limpeza

Em metais mais nobres como o ouro, apesar de não ser tão otório quanto sucede na prata, a oxidação também acontece. O mesmo acontecendo a peças mistas de ouro e prata ou até peças que conjuguem ouro com pedras sintéticas, preciosas ou pérolas.

Apesar de poder recorrer ao serviço mais especializado de uma ourivesaria perto de si, grande parte das jóias que possui poderão ser mantidas e recuperadas, com algum carinho e produtos simples mas, para obter um efeito mais profundo, recomendamos que recorra aos tão já conhecidos produtos líquidos que atuam quase só por simples mergulho e que encontrará em algumas ourivesarias mas também em drogarias.

Nós gostamos do efeito obtido nos produtos líquidos e de mergulho da Topázio mas encontrará no mercado certamente outros com o mesmo tipo de características, tais como os da Hagerty.

No caso dos acima citados deverá ter em conta sempre as referidas instruções e ter em conta a peça que vai limpar porque se em algumas peças simples poderá apenas ter de mergulhar por breves instantes, retirar e enxaguar bem por recurso a água e sabão líquido, em outras, como nos casos de peças mais trabalhadas ou com reentrâncias ou pedras, poderá ter de utilizar uma escova suave para chegar a alguns locais mais inacessíveis e retirar sujidades mais difíceis e devolver o melhor brilho possível às mesmas.

1.2 Quanto ao tratamento

Se as peças mais fortes só em ouro têm um tipo de resistência e em alguns casos, até dificilmente apresentam grande aparência de desgaste ao longo do tempo, as peças mais lisas, dependendo da sua estrutura (maciça ou oca) estarão sempre mais expostas à apresentação de riscos ou até mossas derivadas da utilização ou contacto umas com as outras. 

Quanto às peças mais finas, sobretudo os anéis que são as peças mais expostas e vulneráveis ao contacto com outras superfícies, recomendamos sempre que o seu uso seja sempre proporcional à estrutura do mesmo. Em semelhança com o que referimos acima e como será lógico, anéis mais grossos terão sempre outro tipo de resistência que não terão os mais finos.

Mais válido é ainda o que referimos acima se estivermos a falar de anéis com pedras ou pérolas. Assim:

      1.2.1 Nos grossos,  as estruturas são normalmente mais fiáveis. Tenha contudo atenção de que existem sempre pormenores ligados às estruturas de garras que sustêm as pedras ou eixos que prendem pérolas que podem ser danificados e que deverão ser acautelados, essencialmente em utilizações mais duras.

     1.2.2 Nos finos, a estrutura dos mesmos é sempre mais delicada quer pelo peso quer pela estrutura necessária ao suporte de pedras ou pérolas, especialmente em peças que possuam garras ou até pedras e pérolas mais saídas e susceptíveis de contacto. Neste caso, se trabalha em atividades mais expostas pelo esforço ou contacto com superfícies como por exemplo bancadas ou secretárias, deverá ter em conta que a utilização mais frequente neste tipo de situações poderá resultar em danos mais frequentes na sua estrutura de aro ou garras podendo provocar a perda de pedras ou até, em situações de pressão, quebrar. Recomendamos, caso pretenda evitar o mais possível possíveis danos e necessidade de arranjos, que o retire nesse tipo de situações e o use em ocasiões mais relevantes.

Tenha sempre em atenção de que independente do seu formato e valor, nas peças lisas consegue sempre recuperá-las e restituir-lhes o aspecto quase inicial sem custos muito elevados. Nas peças com pedras corre sempre o risco ou de as ter de substituir ou refazer garras. Se estivermos a falar de pedras sintéticas o seu custo poderá não ser significativo, no caso das pedras preciosas ou pérolas de cultura de mar, para além de lhes retirar alguma beleza quando riscadas, retirará algum charme e valor. No caso de necessidade de substituição, serão sempre estes últimos a ter um custo mais significativo de reposição.

É nas peças de prata mais pequenas e de uso constante, como sejam os fios, cruzes, chapas e medalhas (muito em particular, todas as que apresentarem superfícies mais lisas e polidas), que se faz sentir mais o efeito da oxidação da prata, em particular porque são peças que estão muito em contacto com o corpo e, como tal, mais expostas aos agentes agressores mais comuns como sejam o suor, os cremes, as lacas, o cloro das piscinas, etc. E se existem pessoas que numa utilização normal das peças pouco sentem qualquer efeito de oxidação, outras existem cuja alteração de cor é mais significativa. Assim:

• Para trabalhos mais simples de recuperação de brilho de peças em prata lisas ou com pedras, resulta o recurso à limpeza das peças com produtos de limpeza de mergulho (os mais simples de usar). Aqui  utilizamos e recomendamos os produtos  de mergulho da "Topázio" ou da "Hagerty" (que encontra fácilmente em drogarias ou lojas da especialidade). 

• Para pratas finas mais lisas e sem qualquer tipo de tratamento ou banhos adicionais (de verniz ou de ródio), vai necessitar de mais empenho e esfregá-lo com o recurso a algodão embebido no mesmo ou um plano de flanelacom um produto mais forte. Aqui, continuamos fiéis a um dos mais antigos limpa metais e que tem a marca "Coração" (que encontra fácilmente em drogarias ou lojas da especialidade).

• Se mesmo assim não resultar porque a oxidação avançou até um ponto muito avançado, vai ter de recorrer a serviços mais especializados que poderão muito possivelmente conseguirá contratar num ourives experiente perto de si.