Nascido em Lisboa a 1 de Dezembro de 1880, João da Silva (Escultor, Medalhista e Cinzelador), cedo demonstrou uma apetência artística que seria bem visível e aprofundada quando dos seus estudos e especializações.
Parte aos 19 anos para Paris onde trabalha na oficina de cinzelagem mais importante da cidade (atelier de M. Fleuret).
Estudou na escola de artes decorativas de Genebra, com a ajuda de António Arroio que lhe providenciou umas cartas de recomendação que lhe permitiram uma bolsa de 3 anos, os necessários para efectuar um curso de 5, tendo em conta a sua boa preparação de Paris. Ao fim de uma ano foi-lhe permitido a matrícula no 4º ano atendendo à excelente classificação obtida em todas as disciplinas.
Terminado o curso no ano seguinte (1903), com a mais alta classificação, requereu a passagem da bolsa para Paris para aí frequentar a Escola de Belas Artes. Foi o melhor aluno durante dois anos no atelier de Chaplain.
Regressado a Portugal em 1906, fez parte do corpo docente da Escola Marquês de Pombal no período de 1906-1909. Em 1914 voltou a Paris onde passou a residir sem nunca deixar de manter uma relação estreita com o seu país. Regressou definitivamente a Portugal em 1957 onde viria a morrer em 1960. Só em 1962 se procederia ao retorno de mais de 400 obras suas que se encontravam ainda em Paris.
Na sua obra incluem-se, para além dos cunhos de medalhas de uso pessoal que são reconhecidos internacionalmente (e que pode visualizar na nossa loja), medalhas comemorativas alusivas a um grande número de empresas e entidades distintas da história de Portugal, moedas em prata, pequenas peças de arte animalista e diversos outros trabalhos de Ourivesaria, para além de muitos bustos. É da sua responsabilidade a 1ª medalha de ouro da republica em 1916, bem como, em 1950, a medalha comemorativa do 1º centenário de Silva Porto.
São ainda da sua autoria diversos monumentos, entre os quais se contam o de homenagem aos mortos da 1ª Grande Guerra Mundial (em Poulignen (França), Évora e Valença do Minho), o de Augusto Gil na Guarda, o de Júlio Diniz no Porto, a Sousa Lara em Angola, Barão do Rio Branco no Rio de Janeiro (Brasil), entre muitos.
Esteve representado em imensas exposições nacionais e internacionais e foi várias vezes distinguido pela excelência das suas obras.
A Casa Museu João da Silva, na zona de S. Mamede em Lisboa, possui um espólio de gessos, bronzes, porcelanas e medalhas, algumas peças de ouro com o seu cunho, bem como peças da autoria de artistas que com ele conviveram. Faz parte desse conjunto uma biblioteca e uma galeria de exposições temporárias.
Para além das medalhas que poderá visualizar nas páginas respectivas da nossa loja online, deixamos-lhe aqui fotos de alguns dos seus muito trabalhos.
Muitas das medalhas que lhe apresentamos na nossa loja fazem parte de um considerável número de medalhas conhecidas como "de escultor" ou ainda, errada ou imprecisamente chamadas, do Mestre João da Silva, expoente máximo da escultura medalhista portuguesa.
Sendo todas as medalhas fabricadas por recurso a um molde e sabendo-se que por detrás de um molde tem que haver um escultor, todas são de escultor. O "factor diferenciador" atribuído pela designação tão utilizada, advém essencialmente do método de fabrico, enquanto as mais comuns são executadas por recurso a um sistema de fundição as que aqui se ressalvam são-no pelo sistema de cunhagem (tal como no fabrico de moeda). É esse processo de cunhagem que permite a estas medalhas uma maior compactação do ouro e da prata e lhe confere uma maior durabilidade, definição e manutenção da imagem.
Na finalização do processo de fabrico sobressai o acabamento acetinado que, tendendo a desaparecer durante a sua utilização normal, é apenas mais uma forma engenhosa de retirar às medalhas o aspecto metálico vulgar, permitindo que o brilho adquirido com o uso da mesma, faça sobressair os pormenores da cunhagem e um efeito de sombras dificilmente obtenível num processo normal de fabrico.
Estas medalhas, pela sua simplicidade, beleza e pormenor são elevados, por muitos dos seus apreciadores, ao estatuto de pequenas obras de arte. Quando se adquirem não se oferecem como presentes vulgares e efémeros mas antes como jóias que farão parte de um legado que passará à próxima geração.